Revolução técnico-científica e globalização[1]
Para
entendermos o que é a Terceira Revolução Industrial, também conhecida
como Revolução Técnico-Científica, temos de recordar o que foram a
Primeira e a Segunda Revolução Industrial.
A Primeira
Revolução Industrial foi aquela que se iniciou na segunda metade do século
XVIII e prosseguiu até o fim do século XIX. Ela se originou no Reino Unido e
depois se espalhou por outros países e regiões do globo. Seu principal
símbolo foi a máquina a vapor, e as indústrias mais importantes eram as têxteis
(fabricação de tecidos). O carvão representava a principal fonte de energia
dessa época e o Reino Unido era a grande potência mundial, o primeiro e
grande exemplo de industrialização do século XVIII e durante a maioria do
século XIX.
A mão de
obra dessa fase era formada por trabalhadores que não eram especializados e
muito menos qualificados, normalmente camponeses que abandonavam o meio rural e
iam residir nas cidades. Eles trabalhavam em média catorze horas por dia,
inclusive sábados.
A Segunda
Revolução Industrial, que se estendeu do fim do século XIX até o fim do
século XX, foi simbolizada pelo automóvel. A principal fonte de energia era
o petróleo e as indústrias de vanguarda eram a automobilística , a
petroquímica, a mecânica e a siderúrgica. O líder da Segunda Revolução
Industrial, o país que mais avançou nessa fase e serviu de exemplo para os
demais foram os Estados Unidos, a maior economia do mundo durante todo o
século XX.
A força de trabalho desse
período era em geral especializada com cursos técnicos de torneiro mecânico,
ferramenteiro, arquivista, técnico de contabilidade, soldador, pintor
industrial, etc. Trabalhava-se normalmente oito horas por dia e apenas quatro
horas aos sábados, algo que foi abolido em muitos países, nas últimas décadas
do século XX.
A Terceira
Revolução Industrial, que se encontra em andamento e deverá atingir
o seu maior desenvolvimento no transporte do século XXI, iniciou-se no final
dos anos 1970. Ela é marcada pela utilização, gradativa, além do
petróleo, de outras fontes de energia e por novos setores de vanguarda: a
informática, a robótica, a biotecnologia, as telecomunicações, a
microeletrônica e outras.
No tocante
à força de trabalho, importantes mudanças estão ocorrendo com essa nova
revolução industrial: tanto a mão de obra barata quanto a especializada em
nível médio (aquela da Segunda Revolução Industrial) vão se tornando obsoletas
ou superadas. A mão de obra mais exigida atualmente é a qualificada e
flexível, que se renova ou se aprimora constantemente, de preferência com
elevada escolaridade. O mais importante agora para o trabalhador não é a força
muscular ou o trabalho técnico repetitivo. O mais importante é a criatividade,
a flexibilidade (conseguir se adaptar a situações novas), a capacidade de
raciocínio e de saber se integrar no grupo, na equipe, na comunidade.
Qual é o
símbolo dessa nova revolução? Muitos argumentam que é o computador, outros
afirmam que é o robô e outros ainda dizem que será a clonagem, a fabricação em
laboratórios de seres vivos (talvez até de seres humanos) que poderão ter o
código genético alterado, adquirindo estas ou aquelas características.
Vivemos
atualmente uma fase de transição entre a Segunda e a Terceira Revolução
Industrial. Esta última já é dominante no plano global, pois prevalece
nas economias mais ricas e industrializadas, mas ainda não atingiu o seu
apogeu ou fase de maior desenvolvimento. E a Segunda Revolução Industrial ainda
prevalece nas economias intermediárias, como as do Brasil, da Argentina ou do
México, e ainda não se desenvolveu em boa parte do mundo: na África em geral,
no sudoeste e no sul da Ásia, e na América Central. Mas, as consequências da
revolução técnico-científica já se fazem sentir em todo o mundo: o aumento do
desemprego, pela substituição maciça de mão de obra não qualificada por robôs
ou por máquinas: a informatização de quase todos os setores, com a introdução
de computadores que funcionam isoladamente ou conectados a redes; a expansão da
agropecuária baseada na biotecnologia, que produz gêneros agrícolas ou criações
geneticamente modificadas, etc.
A globalização
- ou mundialização, segundo alguns - consiste na crescente interligação ou
interdependência entre todas as economias ou povos do planeta. O mercado
internacional se torna cada vez mais importante, superando os mercados
nacionais.
O sistema
financeiro internacional, pela primeira vez na história, movimenta trilhões
de dólares a cada semana com investimentos internacionais: norte-americanos
compram ações da Bolsa de Tóquio; japoneses investem na Bolsa de Frankfurt ou
de Nova York; europeus compram ações de empresas norte-americanas ou japonesas;
etc.
O número de
empresas multinacionais - que possuem estabelecimentos em inúmeros
países, às vezes no mundo todo - multiplica-se a cada ano. O comércio
internacional, desde os anos 1980, cresce mais que a produção econômica
mundial, o que significa que as economias nacionais estão cada vez mais
interligadas. O turismo internacional também cresce a cada ano, sendo hoje uma
das principais atividades econômicas do globo.
[1]
Referência:
VESENTINI, J. William ; VLACH, Vânia.
Geografia Crítica 9º ano. 4ª
edição. São Paulo: 2010.
Veja também o vídeo abaixo com o título "O Capitalismo e as consequências sociais da revolução técnico-científica"